Desaprendendo a Jogar Videogame
Desaprendendo a jogar videogame? Seus reflexos enferrujados traem o jogador que um dia você foi – O tempo é o chefe final... Esta é a dura poesia do declínio e da redescoberta.
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Marcio Baião
5/12/20253 min ler
Desaprendeu a jogar videogame?
Seus reflexos enferrujados traem o jogador que um dia você foi - E o tempo é o chefe final.
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Desaprendendo a Jogar Videogame: Como o Tempo Rouba Nossas Habilidades
Neste conteúdo, exploramos por que “desaprendemos” a jogar videogame à medida que envelhecemos, trazendo dados científicos, estudos sobre reflexos e neuroplasticidade, e exemplos práticos (pessoais) dos clássicos (Megamania, Contra, Samurai Shodown, Wild Guns, Resident Evil, Silver Surfer)..
Por que perdemos a “mão” nos jogos?
Você se lembra daquela época em que fazer recordes no fliperama era como respirar? Pois bem, estudos mostram que nossa velocidade de reação atinge o ápice aos 24 anos e, a partir daí, começa uma queda lenta, mas implacável PubMedPBS. Não é conspiração dos mais velhos — é fisiologia: a bainha de mielina que envolve nossos neurônios vai se desgastando, e o impulso elétrico demora microssegundos a mais a cada primavera que passa.
Mas calma, nem tudo são pesadelos em pixels desbotados. Nosso cérebro busca atalhos estratégicos para compensar — o que explica como alguns veteranos ainda mandam ver em StarCraft 2 mesmo após os 30 PubMed. No entanto, quando o jogo é rápido demais, a vantagem se esvai.
Neuroplasticidade: reaprendendo… ou quase isso
“Mas não dava pra treinar de novo e voltar a ser aquele monstro de antigamente?” Boa pergunta. A neuroplasticidade nos acompanha a vida inteira, porém em ritmo decrescente: enquanto a infância é argila fresca moldada em mil reflexos, a vida adulta transforma essa argila em barro secando ao sol WIRED. Aprender se torna mais lento, e redes neurais não usadas vão emagrecendo de falta de treino.
Ou seja, tentar reaprender Contra ou Megamania não é o mesmo que zerar um jogo pela primeira vez — é enfrentar a lei da gravidade neuronal. E é aqui que muitos se veem “desaprendendo” de verdade.
Os jogos que denunciam meu declínio pessoal
Megamania (Atari 2600, 1982)
Reflexos, barra de energia e padronagens cíclicas de inimigos exigem precisão cirúrgica. Voltar a enfrentar hambúrgueres hostis e ferros de passar enruga até a lágrima do gamer mais ferrenho.Contra (NES, 1987)
O ícone do run’n’gun que virou aula de estratégia extrema. Cada passo errado era morte instantânea — hoje, parece um tutorial de como sofrer humilhação em câmera lenta.Samurai Shodown (Arcade/NES)
Olhar de samurai, espada como extensão do braço… Tudo cadenciado. Mas tente reagir aos golpes em frações de segundo após anos sem praticar, e sua “arte marcial” vira dança de carnaval fora de ritmo.Wild Guns (SNES, 1994)
Faroeste steampunk que misturava movimento lateral e mira manual. Requeria coordenação impecável — hoje, é um gerador de vergonha pessoal.Resident Evil 1 & 2 (PS1, 1996–1998)
Jogabilidade “tanque” e câmeras fixas: tensão pura. Na juventude, era elegância; após anos sem treinar, é como pilotar um trator com venda nos olhos em um labirinto.Silver Surfer (NES, 1990)
Icônico pela dificuldade mítico-fantástica. Hoje, revisitar esse clássico é provar que seu reflexo de 8-bits virou uma tartaruga de 64 megas.
Conclusão Sofrida...
O desaprendizado em videogames é uma dança cruel entre tempo e neuroplasticidade. Já fomos heróis de botões; agora, somos mestres em prioridades. Mas não se engane: a chama do desafio continua acesa — talvez mais lenta, mas com o brilho veterano de quem aprendeu que, na vida e nos jogos, ganhar é só parte da poesia.
E você, em que jogo se descobriu “desaprendendo”? Compartilhe sua saga nos comentários... com quem entende essa lenta melodia do desaprendizado.
“A cada nova derrota, um convite para tentar de novo — e, por um instante, sentir que dominamos o impossível.”



Marcio Baião
Siga o seu velho bardo dos videogames, animes, músicas, séries e filmes antigos.
Roteirista, cronista e videomaker.
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